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01)
Considerações iniciais:
Vamos lembrar,
mais uma vez, a suma importância do pneumático no contexto mecânico de
qualquer veículo quando se sabe que ele é responsável por : Suportar (aguentar
... !) além da pressão interna do ar, todo o peso do veículo sem se deformar
e, ... rodando !
Sendo o
único contato do veículo com o solo :
- Transmitir
o torque do motor para o veículo se deslocar (andar!);
- Transmitir
a velocidade desejada; - Executar as mudanças de direção ;
- Desacelerar
o veículo ao acionar os freios;
- Manter
a aderência em qualquer situação tais como nas curvas, sob chuva (pista
molhada, etc ... ).
- Participar
de forma decisiva, além de aderência sob o solo, da estabilidade e da
dirigibilidade do veículo.
Sendo um
elemento da suspensão pela sua flexibilidade :
- Participar
do conforto do veículo !
- Ter uma
durabilidade quilométrica satisfatória.
- Ter uma
arquitetura, concepção e resistência interna permitindo vários recapes

02)
Tipos de pneumáticos:
- Pneu
convencional (ou diagonal) - O que é ?
De tecnologia
antiga, entretanto ainda bastante utilizado, devido a seu baixo custo
inicial, em serviços de entregues nas cidades aonde há necessidade de
subir constantemente o meio fio, calçadas, etc... com conseqüências de
alto índice de perdas por acidentes. A sua carcaça é composta de lonas
superpostas e "cruzadas", umas em relação as outras. Os cordoneis que
compõem estas lonas são geralmente de fibras têxteis, naturais ou sintéticas
ou, as vezes alguns de aço. O seu "comportamento" nas curvas é muito rígido
por falta de flexibilidade radial, limitando, assim a sua aderência !
De tecnologia
muito mais avançada, entretanto "carregando" ainda a câmara de ar e todos
os seus problemas ! Tende a desaparecer definitivamente ! Os cordoneis
das lonas são verdadeiros "cabos de aço", dispostos em áreas perpendiculares
ao plano de rodagem do pneu e orientados radialmente em direção ao centro
do pneu. Uma cinta composta de várias lonas sobrepostas permite e assegura
uma ótima estabilidade no solo. O comportamento do pneu radial em qualquer
veículo pode ser considerado de exemplar ! Pela "deformação" (flexibilidade
das lonas) em curva, a banda de rodagem consegue manter uma aderência
amplamente acima de qualquer outro pneu ! Lembramos ainda que aderência
= segurança, principalmente com pista molhada e ... nas curvas !
- Pneu
radial sem câmara - O que é ? De tecnologia cada vez mais atualizada
ele preserva todas as vantagens da "arquitetura" radial. Este tipo de
pneu vem se generalizando em praticamente todos os veículos, isto é,
por apresentar imensas vantagens sobre todas as opções anteriores ou
seja:
- Com a
supressão da câmara de ar, facilidade de montagem = 2 elementos no lugar
de 5 ou 6 !
- Temperatura
de trabalho mais baixa pelo afastamento do tambor de freios e a supressão
do atrito da câmara de ar !
- Diminuição
drástica de pneus furados e conseqüente danificação da câmara de ar
("detonamento"). Em caso de furo, o pneu esvazia-se lentamente, permitindo
um retorno a garagem sem danos maiores.
- Com diâmetro
menor e banda de rodagem mais larga, abaixamento do centro de gravidade
do veículo traduzido por mais segurança e dirigibilidade.
- Desgaste
muito mais uniforme.
- Quilometragem
útil maior.
- Perdas
de carcaças muito inferior.
- Muito
menos trabalho para os borracheiros !
- Embora
mais caro na aquisição, custo quilométrico inferior.
- Etc ...
!

03)
Identificações dos pneumáticos:
- Dimensões
(medições) em polegadas.
Exemplo
:
- Um pneu
11.00 x R22 quer dizer: 11.00 = largura do pneu medida nos flancos.
R = pneu de arquitetura radial. 22 = diâmetro interno do pneu, medido
do aro.

04)
Pressões:
O estabelecimento
da pressão correta para pneumáticos não é tão simples assim. Deve-se considerar
vários fatores (parâmetros) fundamentais como, por exemplo :
- A pressão
básica aconselhada pelo Fabricante do veículo. (vide manual do veículo);
- A pressão
básica aconselhada pelo Fabricante do pneumático;
- A posição
do pneu na dianteira ou na traseira;
- As cargas
médias e máximas nas quais será submetido o veículo;
- As velocidades
máximas alcançadas;
- O tipo
de estrada (retas, curvas, chão, etc...);
- A estação
(verão, inverno);
- O histórico
da Empresa sobre comportamentos anteriores de uma mesma marca / tipo
de pneu em condições similares de operação (vide controle interno de
pneus). Para concluir, a Empresa determina a sua pressão ideal, sempre
de comum acordo com o Fabricante de pneumáticos já que têm que se preservar
a Garantia contratual das mesmas.
Em caso de
baixa pressão: Pelo flexionamento maior do pneu, ocorrerá um superaquecimento
e desgaste irregular, com as seguintes conseqüências:
- Separação
da banda de rodagem (descolamento);
- Desagregos
internos; Þ Alto risco de "detonamento";
- Grande
resistência ao rodar elevando, inclusive, o consumo de combustível;
- Desgaste
prematuro + irregular. Em caso de alta pressão: A alta pressão reduz
a vida útil do pneu pela diminuição da área em contato com o solo !
Reduz, ainda, o efeito "amortecedor" transmitindo (repercutindo) choques
violentos para a carroceria abalando as estruturas e diminuindo drasticamente
o conforto dos passageiros.
A calibração
da pressão dos pneumáticos:
- Sempre
com pneumáticos frios;
- Usar extensões
metálicas para pneus traseiros internos;
- Usar sempre
tampinhas metálicas;
- Nunca
sangrar o ar de pneus quentes para aliviar a pressão.
- Verificar
se o calibrador está ... calibrando certo!

05)
A montagem dos pneumáticos: O que é ?
A montagem
de um pneumático só se concebe com a roda absolutamente limpa, lixada,
escovada e pintada ! Qualquer outra alternativa irá prejudicar, e muito,
a vida e o desempenho futuro do pneumático ! O uso de lubrificante apropriado
é obrigatório !

06)
O aperto das rodas nos cubos: O que é ?
Lembramos
que todos os Fabricantes de veículos determinam um torque preciso para
aperto, o mesmo nem sempre respeitado ! No "pavor" de soltar rodas na
estrada por afrouxamento, ainda têm borracheiros usando extensões muito
compridas e "pendurando-se" nelas na hora do aperto final. Aí, o torque
vai depender do peso, alimentação e "vontade" do borracheiro (ou do apertador
!). A nova tecnologia de fixação por porcas não "centradoras" das rodas
exige, obrigatoriamente, o uso de um torquimetro.

07)
O desgaste prematuro e irregular: O que é ?
Resolvidos
os problemas de montagem e de pressão, qualquer desgaste prematuro e /
ou irregular aponta, de forma decisiva, para falha mecânica em outra parte
do veículo (chassis + componentes) ! Desgaste irregular = O que é ? Somente
parte da banda de rodagem é utilizada. Desgaste prematuro = O que é ?
Diminuição percentual de quilometragem prevista em relação ao percentual
do uso parcial da banda de rodagem mais alguns agravantes tais como arraste,
superaquecimento, etc ...
Lembramos
ainda que pneus desgastados irregularmente transferem, geralmente para
direção, uma série de reações estranhas e nocivas, afetando assim potencialmente
a dirigibilidade e, consequentemente, a segurança operacional do veículo,
como um todo !
Teremos
:
- "chimmy";
- direção
dura ou leve demais;
- direção
não retornando após as curvas;
- fortes
trepidações na suspensão;
- etc ...
Aí, não adianta
trocar apenas os pneumáticos ! É absolutamente necessário corrigir a falha
mecânica !

08)
A geometria de direção: O que é ?
Resumindo,
(e muito) são os vários ângulos de várias peças mecânicas que permitem
as rodas direcionais efetuar trajetórias diferentes uma da outra, em perfeito
alinhamento com as rodas traseiras em relação ao centro do chassis (do
veículo !).
O "camber"
= O que é ?
É a inclinação
da roda em relação ao plano vertical. O ajuste da "cambagem" é muito difícil.
É, geralmente, uma indicação que a viga mestre sofreu um choque e está
empenada !
Correção
= Só desmontando o eixo dianteiro e verificando a viga. É necessário um
aparelho (alinhador ótico) para detectar exatamente falhas no "camber".
Desgaste
= De um só lado da banda de rodagem, dependendo se a "cambagem" excessiva
é negativa ou positiva.
O "caster"
= O que é ? É a inclinação do pino mestre em relação ao plano vertical
do mesmo.
O objetivo
do "caster" é o de melhorar a dirigibilidade ou seja ainda, a direção
tentar voltar sozinha para uma linha reta, após uma curva. (vide o exemplo
do garfo de uma bicicleta !).
O ajuste
é feito, geralmente, por meios de calços por baixo dos feixes de molas
ou das pontas de ancoramento dos braços de reação nos veículos com suspensão
a ar.
Desgaste
: pouca influência no desgaste dos pneus. O maior problema situa-se na
dirigibilidade do veículo !
Convergência
/ divergência = O que é ?
É o "paralelismo"
convergente ou divergente das duas rodas dianteiras entre si. O ajuste
correto é levemente convergente, atendendo as medidas estabelecidas pelo
Fabricante do veículo.
Problemas
possíveis :
- Falta
de regulagem na barra de direção;
- Barra
de direção empenada;
- Viga mestre
empenada;
- Mangas
de eixo empenadas;
- Excesso
de folga nas articulações;
- Excesso
de folga no embuchamento da manga de eixo.
Desgaste
:
- muito
convergente = nas raias internas das bandas.
- muito
divergente = nas raias externas das bandas.

09)
Desquadramento: O que é ?
É a falta
de paralelismo do eixo traseiro em relação ao eixo dianteiro. É, ao nosso
ver, um dos maiores causadores de baixa quilometragem ! Observamos que
são raros, os responsáveis técnicos que se atentam ou pesquisem esta possibilidade
! Um eixo traseiro, mesmo ligeiramente, desquadrado provoca um desvio
lateral do veículo que, inconscientemente será "corrigido" pelo condutor
com outro desvio lateral oposto, com as rodas do eixo dianteiro objetivando,
obviamente, o veículo andar em linha reta ! Daí, temos um "arrasto" contínuo
e permanente em todos os pneus com efeito muito maior nas dianteiras já
que as mesmas são direcionais !
Desgaste
: "frisados" por arrastamento.
Solução :
Controle dimensional e do paralelismo do conjunto chassis x eixos. (Na
falta de equipamentos laser, o barbante e a trena ainda resolvem !) Verificar
todas as fixações e "ancoramentos" que influenciam o paralelismo dos eixos.
Cuidado ;
Seqüelas de acidentes É muito difícil, após um acidente de certo porte,
resolver tecnicamente todas as áreas diretas e, principalmente indiretamente
envolvidas (atingidas). Os choques violentos ocorridos sempre afetam alguma
coisa na periferia resultando, muitas vezes, na impossibilidade, após
conserto, dos pneumáticos atingirem boas quilometragens.

10)
Outros fatores para um desgaste prematuro dos pneumáticos:
Podemos dizer
que quase todos os componentes influenciam os pneumáticos, a mais ou a
menos. Lembramos os principais :
- Todos
os componentes da suspensão (amortecedores, estabilizadores, bolsas
de ar, válvulas de nível, etc ...);
- Todos
os componentes com óleo lubrificante interno. Em caso de vazamentos,
a contaminação é altamente nociva para a borracha dos pneumáticos !
Isto inclui principalmente o tanque de combustível ... e a tampa !
- Toda a
mecânica de acionamento dos freios nos tambores ! Problemas nesta área
ou mal utilização dos freios gera superaquecimento cuja a irradiação
afeta diretamente (e potencialmente) os pneumáticos bem como ar comprimido
vazando e atuação prematura dos acumuladores (freio de estacionamento).
- Sistema
de descarga cuja a saída fica "em cima" dos pneus traseiros !

11)
O armazenamento:
Pneumáticos
mal armazenados e em lugares inadequados terão vida útil encurtada, gerando
(programando !) problemas futuros.
Os maiores
inimigos do pneu parado são :
- em posição
deitada, armazenando água e sujeira. Além de oxidar as partes internas
de aço, são potenciais "nascedores" do mosquito transmissor da dengue
!
- no ar
livre, tomando sol e chuva !

12)
Para concluir:
Os pneumáticos,
no contexto manutencional da Empresa representam, além do custo, os perfeitos
e fiéis indicadores do estado mecânico do veículo ! Saber interpretar
um determinado desgaste num pneu não é tarefa muito simples, nem sempre
ao alcanço do borracheiro, por melhor que ele seja ! É necessário conhecimentos
técnicos profundos, experiência e sensibilidade suficiente para ir buscar
(e descobrir ... ) a causa verdadeira do problema, quase que sempre localizado
numa "região" ou ponto do veículo que somente o mecânico consciente e
competente conhece !
Analisando
indicadores que apontaram para uma péssima quilometragem dos pneumáticos
observamos que as falhas situavam-se : 50% na manutenção 25% no borracheiro
20% na operação 5% na escolha da marca do pneu !

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