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Os lubrificantes: o que é ... exatamente ?

01) Considerações iniciais:

02) Tipos de lubrificantes:

03) Características básicas dos lubrificantes (óleos):

04) Principais características para graxas

05) Os aditivos:

06) Os óleos multiviscosos:

07) Classificação dos óleos automotivos: (ou ... a dança das siglas !)

08) Para concluir :

 

 

 

01) Considerações iniciais:

O alto desempenho e a durabilidade dos principais componentes de um veículo moderno dependem, exclusivamente, de uma lubrificação eficiente, isto é: de lubrificantes que, além de adequados, devem ter características e performances de acordo com a tecnologia envolvida ! Peças e órgãos possuem superfícies, ajustadas entre si, que se movem, umas em relação as outras, girando ou efetuando movimentos combinados.

O contato direto entre estas superfícies causaria uma elevada força de atrito, calor e grande desgaste, diminuindo assim, de forma drástica, a vida útil das referidas peças e, consequentemente, do próprio conjunto ou do próprio veículo. Daí, custos incomensuráveis (peças e mão de obra) decorrentes.

A lubrificação consiste a integrar e manter, entre as superfícies móveis, uma película com propriedades adequadas para reduzir o contato entre elas tendo, simultaneamente, um atrito bastante reduzido. O uso de graxa é necessário em locais e situações que não dispõem de vedação própria, sujeitos a contaminação por agentes externos (água, areia, etc...)e de difícil acesso.

As principais "funções" dos lubrificantes são:

  1. Reduzir o atrito e, assim, evitar desgaste das peças em movimento
  2. Contribuir a refrigeração das partes não acessíveis a água ou ao ar
  3. Preservar as vedações internas
  4. Proteger contra a corrosão, oxidação (ferrugem)
  5. Limpar + facilitar a eliminação de partículas indesejáveis
  6. Evitar a formação de espuma
  7. Etc...

É oportuno lembrar ainda que quem especifica as características de todos os lubrificantes é, e sempre será, o Construtor (Fabricante) do veículo ou componente. A partir destas especificações, as Cias. de Petróleo e Fábricas de Lubrificantes as atendem rigorosamente (para ter seus produtos homologados !) e, quase todos, oferecem uma série de opções, algumas muito acima das exigências inicialmente estabelecidas.

02) Tipos de lubrificantes:

Simplificando (e muito...) podemos classificar os lubrificantes em três grupos distintos ou seja:

  1. Os óleos minerais
  2. Os lubrificantes sintéticos
  3. As graxas
  4. Os óleos minerais:

A elaboração dos óleos lubrificantes minerais faz-se através de mistura adequada de diferentes óleos básicos, obtidos do petróleo bruto após processos de refinação.

Estas misturas são feitas em proporções exatas para a obtenção de viscosidades determinadas e compactadas com outros tratamentos térmicos e aditivos.

5. Os óleos sintéticos: A elaboração dos óleos sintéticos efetua-se em laboratórios objetivando assim alcançar faixas de desempenho mais amplas e características específicas.

Podemos encontrar:

  • As graxas: As graxas lubrificantes são misturas de sabões com óleos minerais. Diferenciam-se em função do tipo de sabão empregado e entram ainda na composição agentes estabilizadores e aditivos. As diferentes tipos (básicos) de graxa são:
  1. Base de sabão de cálcio ( temp. máx . 50º C ) Þ Base de sabão de sódio ( temp. máx. 110º - 115º C )
  2. Base de sabão de lítio ( temp. máx. 150º C ) As graxas de sabão de lítio tem grande estabilidade e ótimo desempenho geral. São de aplicações múltiplas.

03) Características básicas dos lubrificantes (óleos):

Todo lubrificante, óleos ou graxas, têm características cujo o nome é conhecido, entretanto, o significado nem tanto !

  1. Densidade = O que é ? É a relação entre o peso de um volume de produto, medido a uma determinada temperatura e o peso de igual volume (água) medida a outra temperatura.
  2. Ponto de fulgor = O que é ? É a temperatura em que o óleo, quando aquecido, desprende os primeiros vapores que, ao contato de uma chama, inflamam-se.
  3. Ponto de combustão = O que é ? Ligeiramente superior ao ponto de fulgor. A queima é contínua por mais de 5 segundos.
  4. Ponto de fluidez = O que é ? É a temperatura mínima em que o óleo, submetido a um processo de resfriamento, ainda escorre livremente.
  5. Ponto de névoa = O que é ? É a temperatura em que, resfriando-se , aparecem os primeiros cristais de parafina.
  6. Viscosidade = O que é ? É a resistência que um óleo impõe ao escoamento. É uma das características mais importante de qualquer óleo já que deve manter-se o máximo estável numa ampla faixa de temperaturas, ou seja, manter a mesma fluidez e o mesmo poder lubrificante em temperaturas altas ou baixas.
  7. Cor = O que é ? É determinado por comparação com padrões estabelecidos com único objetivo de diferenciar um mesmo produto de marca / tipo diferente. Nenhuma relação quanto a qualidade e desempenho !

04) Principais características para graxas:

  1. Consistência = O que é ? É a propriedade (capacidade) que a graxa possui para fluir quando submetida a pressão. Determina-se então a penetração.
  2. Ponto de gota (ponto de fusão) = O que é ? É a menor temperatura na qual a graxa deixa de ser semi-sólida e passa a ser líquida. Não afeta, entretanto, o seu comportamento efetivo.
  3. Estabilidade mecânica (ou estrutural) = O que é ? É a propriedade (capacidade) de não perder a sua estrutura ou melhor: "amolecer" e vazar quando submetida a condições severas de trabalho.
  4. Resistência a oxidação = O que é ? É a propriedade (capacidade) do grau de resistência contra a separação do óleo lubrificante do espessante (sabão).
  5. Resistência a água = O que é ? É a propriedade (capacidade) em reter ou impedir a penetração de água no interior do conjunto a lubrificar.
  6. Antiferrugem = O que é ? É a propriedade (capacidade) em preservar as áreas expostas a atmosfera da corrosão (ferrugem) independentemente do trabalho de lubrificação.

05) Os aditivos:

São produtos químicos que, integrados aos óleos e graxas, aumentam e melhoram a eficiência dos mesmos, conferindo-lhe características de acordo com as exigências dos veículos de tecnologia cada vez mais avançada !

  • Dispersantes / detergentes = O que é ?

Nos motores de combustão interna, manter o carbono (carvão) proveniente da queima de combustível em suspensão e finamente disperso evitando-se assim, danos nas partes móveis do motor. É oportuno lembrar que lubrificantes com alto poder detergente ficam escuros, logo após utilização num motor. Não só é normal mais, ainda, é bom sinal !

  • Antioxidantes = O que é ?

São retardadores da oxidação do óleo. Um óleo exposto ao ar tende a oxidar devido a presença de oxigênio.

  • Antiferrugem = O que é ?

São agentes químicos que impedem a ação da umidade e do oxigênio sobre metais, evitando formação de ferrugem.

  • Antiespumantes = O que é ?

Facilitam a aglutinação de bolhas de ar encontradas na massa do óleo, formando assim bolhas maiores que se deslocam rumo a superfície onde, em contato com o ar ambiente, se desfazem.

  • Extrema pressão = O que é ?

São compostos contendo fósforo, enxofre e cloro que reagem quimicamente com a superfície metálica, agindo então como eficientes lubrificantes sólidos, evitando assim a ação destrutiva "metal contra metal". Estes aditivos só reagem quando há condições de extrema pressão. Com o rompimento da película lubrificante, há uma elevação local de temperatura que, quimicamente, libera os compostos que agem como lubrificantes (sólidos).

  • Antidesgaste = O que é ?

São redutores de desgaste, muito importante nos casos de lubrificação limite, principalmente onde há cargas e rotações elevadas.

  • Inibidores de corrosão (anticorrosão) = O que é ?

Evitam a corrosão das superfícies metálicas, não somente da ação externa (ar) como das ações internas tais como a própria oxidação do óleo e ácidos formados na combustão.

  • Aumentadores do índice de viscosidade = O que é ?

São redutores das variações da viscosidade em função das variações da temperatura.

  • Abaixadores do ponto de fluidez = O que é ?

Modificam a estrutura dos cristais da parafina que se formam em conseqüência do abaixamento da temperatura.

  • Emulsionantes = O que é ?

Facilitam a emulsão (mistura) do óleo na água.

06) Os óleos multiviscosos:

São óleos, para motores e/ou componentes de tração que são preparados para atender a uma ampla faixa de utilização ou seja, onde há grandes diferenças de temperaturas.

07) Classificação dos óleos automotivos: (ou ... a dança das siglas !)

Classificar, reconhecer ou entender as nomenclaturas e siglas dos óleos automotivos não é coisa tão simples assim. Somente alcançadas e "entendidas" por alguns poucos "iniciados" geralmente os químicos e engenheiros das Cias de Petróleo ... e ainda, ... tendo algum folheto "interno" da Cia. na mão ! Essa "guerra" das siglas têm gerado muita confusão no meio do pessoal da Manutenção, e não raras são os casos de erros primários na aplicação de produtos !

Exemplo :

Tentar explicar a um chefe de oficina que o óleo ATF - Automatic Transmission Fluid, não é, de forma alguma, para ser colocada em transmissões automáticas mas sim, nas direções hidráulicas e caixas de marchas mecânicas de certos veículos Mercedes, enquanto que o óleo correto para transmissões automáticas é um tal de DEXRON lll ... Lembrando ainda que nem todas as Cias. chamam a ATF de ATF... e DEXRON lll ... de DEXRON lll...!!!

Classificar óleos = O que é ?

É especificar a aplicação de um produto correto para um determinado componente operando em condições específicas ! A classificação é efetuada mensurando e comparando o desempenho e o comportamento de um determinado produto para motores ou componentes através de testes e provas em laboratórios objetivando reproduzir ou simular condições reais de serviço e utilização.

Classificação geral dos óleos para motores a gasolina :

Normas :

  1. SAE para classificação
  2. API para descrição do serviço SE - norma de 1972 a 1979 = com proteção contra depósitos, desgaste e corrosão.
  • SF - norma de 1980 a 1988 = maior proteção contra desgaste e corrosão.
  • SG - norma de 1989 = com proteções mais reforçadas que as anteriores.
  • SH - norma de 1993 = maior rigor nos controles dos testes e nível de qualidade mais elevado.
  • SJ - a última classificação - em vigor desde 1997.

Obs ; A classificação independe dos óleos serem minerais ou sintéticos, mono ou multiviscosos.

Os óleos de geração mais nova podem substituir sem problemas qualquer um dos anteriores desde que mineral por mineral ou sintético por sintético! O inverso não é aconselhável !

Classificação geral dos óleos para motores diesel :

Normas :

  1. SAE para classificação
  2. API para descrição dos serviços CC - para condições normais a severas - boa proteção contra ferrugem, corrosão e formação de depósitos em altas temperaturas - geralmente para motores "aspirados".
  • CD - para motores diesel turbo alimentado, em condições severas.
  • CE - para motores diesel turbo alimentados + intercooler em condições severas de uso. Maiores proteções que as designações anteriores.
  • CF-4 - para condições extremamente severas.
  • CG-4 - para condições extremamente severas tendo propriedades mais amplas que CF-4.

Obs : A classificação independe dos óleos serem minerais ou sintéticos, mono ou multiviscosos. - Os óleos de geração mais nova podem substituir sem problemas qualquer um dos anteriores desde que mineral por mineral ou sintético por sintético! O inverso não é aconselhável !

A "dança" das siglas ... !

  • ASTM O que é ? ( American Society for Testing Materials ) - Instituto norte americano estabelecendo tipos e normas para testes (classificação) de materiais inclusive produtos e derivados do petróleo (óleos lubrificantes).
  • ISO O que é ? ( International Organisation for Standardisation ) - Organismo Internacional pela Padronização (Standardização)
  • API O que é ? ( American Petroleum Institute ) - Instituto norte americano estabelecendo normas e classificações para petróleo e derivados, inclusive óleos lubrificantes. Referência atual.
  • EN O que é ? ( Europäische Norm ) - Normas européias.
  • MIL O que é ? ( Military I. Lubrificants ) - Especificações para Lubrificantes do Exército norte americano. Serviu de referência, por muitos anos.
  • AGMA O que é ? ( American Gear Manufacturers Association ) - Associação de Fabricantes de Óleos Lubrificantes norte americana ).
  • DIN O que é ? ( Deutsche Industrien Normen ) - Normas industriais alemãs.
  • IP O que é ? ( Institute of Petroleum ) - Instituto britânico estabelecendo normas e classificações de petróleo e derivados.
  • SAE O que é ? ( Society of Automotive Engineers ) - Sociedade de engenheiros automotivos norte americanos. Estabelece normas e classificações de óleos automotivos, entre outros. Referência atual.
  • NLGI O que é ? ( National Lubricating Grease Institute ) - Instituto nacional norte americano classificando, especificamente, as graxas.
  • EP O que é ? ( Extreme Pressure ) - Designa óleos lubrificantes aditivados especificamente para suportar altas pressões (extrema pressão).
  • ATF O que é ? ( Automatic Transmission Fluid ) - Óleo específico para transmissões automáticas embora no Brasil, é utilizado para direções hidráulicas e algumas transmissões mecânicas de Mercedes Benz !
  • HD O que é ? ( Heavy Duty ) - Indica lubrificante para serviços pesados.
  • W O que é ? ( Winter ) Do inglês "inverno" - estabelece a temperatura mínima sem alteração da viscosidade . Letra presente em todas as nomenclaturas de óleos multiviscosos.
  • SÉRIE 1, 2, 3 ... O que é ? Norma e classificação do desempenho do óleo motor especificamente para CATERPILLAR. Serviu de referência, por muitos anos.

08) Para concluir :

"Achar" o caminho (o produto!) certo no meio desta "selva" de siglas e nomenclaturas até que não é tão difícil assim desde que se leia atentamente o Manual de Manutenção do veículo. Certos Fabricantes fornecem até um livrete específico recomendando os produtos corretos, alguns chegam até a citar as próprias Cias. e Fabricantes de Lubrificante, com indicações exatas da nomenclatura, classe, viscosidade e nome de fantasia ! Aí, tudo fica claro e simples ! Reiteramos que qualquer Cia. ou Fábrica de Lubrificantes tem a disposição várias qualidades de lubrificantes para uma mesma aplicação sendo, a "inferior" em qualidade (e preço) sempre atendendo plenamente as especificações iniciais (originais) do Construtor do veículo, enquadrada, inclusive, na preservação da Garantia, no período estipulado. Qualquer opção "acima" depende do custo x benefício proposto. Uma extensão do intervalo quilométrico entre as trocas nunca deve exceder o máximo recomendado pelo Construtor do veículo, pelo menos no período acobertado pela Garantia. Entretanto, há Fabricantes conceituados de Lubrificantes garantindo contratualmente uma extensão quilométrica da Garantia e / ou do intervalo de trocas.

   
Georges GG Zahnd

 

 

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